sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Viatka e o Lampião

Um rally.
Um monte de amigos (julgo que mais de 15) resolveu acampar para ver um rally.
Um belo fim-de-semana, a malta toda equipada, com tenda e tudo.
Chegados ao local honrado com a nossa presença, alguém perguntou: "quem já montou uma tenda?"
E responde uma alma: "Eu, mas não pensem que vou trabalhar para uma data de coiros!"
E então, muito democraticamente, decidiu que iam todos ocupar uma casa em ruínas que por ali ficava.
Tirando o facto de provavelmente estar fechada há muitos anos e só ter duas divisões utilizáveis (i. é, com chão), não estava nada mal: tinha telhado.
Durante muitos anos não tive problemas de costas. Rico soalho aquele!
E bastaram duas noites!
A única reclamação que tenho prende-se com a qualidade da pomada. Havia por ali uma coisa a que chamavam "Viatka".
De semelhança com a vodka, só mesmo o nome e estou convencido até hoje que aquela marca surgiu de onomatopeia relacionada com a reacção de quem bebe um trago da dita.
Foi mesmo responsável pelo arrancamento de um lampião da via pública por parte de um amigo da pomada (hoje reformado).
Há quem prefira levantar um braço dobrado, como se fosse uma asa dobrada, enquanto faz uns ruídos estranhos, que se assemelham a grasnados. Mas a ele deu-lhe para aquilo. Razão pela qual ainda hoje em dia é conhecido por Lampião. Assim nascem as lendas.
Se o inventor da marca ali estivesse, tinha logo mudado o nome da mesma para algo como "lampioska" ou "arranca-troncos".
Além de levar com o lampião nos cornos, claro.
Curiosa cena, um largo de uma aldeia sendo atravessado por quatro amigos com um lampião debaixo do braço.
A perigosa beberagem chega a causar alucinações: imaginaram os quatro amigos (bem, três, porque o quarto só estava agarrado ao lampião para não cair...) que eram garbosos e valentes cavaleiros medievais e assim resolveram comportar-se:
Arrombaram a porta do castelo com o seu aríete!
Os habitantes do castelo, apanhados de surpresa, ainda ensaiaram uma reacção e dispararam uns chumbos, mas não teriam tido a mínima chance, não fosse a ardilosa armadilha por eles montada: havia uma porta na outra extremidade e, com a força do impulso, a invasão foi breve...


E pergunta o preclaro leitor: então e o rally?
Mas qual rally?

Sem comentários: